Um ano depois o Governo quer novas coisas: "refundar" o memorando

Em julho de 2011, logo após ser conhecido o programa do Governo, os Precários lançaram um ciclo de posts com o nome “O que quer o Governo”. Passado pouco mais de um ano vemos que o Governo já realizou a maioria das medidas que na altura avisámos que seriam o seu objetivo, nomeadamente tornar os despedimentos mais fáceis, perseguir os desempregados (apesar de avanços e aparentes recuos do Ministro Pedro Mota Soares), desvalorizar o trabalho, amputar a segurança social (veja-se o buraco inédito de mais de 700 milhões de euros no saldo da Seg. Social), vender setores estratégicos a preço de saldo ou impor um imposto extraordinário sobre os rendimentos.

Infelizmente, passado mais de um ano, concluímos que tínhamos razão, mas que, infelizmente, não antecipámos que para além de tudo isto, queriam muito mais.

Nos últimos dias, e após o anúncio de “refundação” do memorando da troika nas jornadas parlamentares da maioria PSD/CDS, o léxico político foi dominado pelo tal termo “refundação” e até já se sabe que os homens de negro do FMI já estão a negociar com Passos e Portas. Toda a oposição se manifestou contra esta ideia que impediu a discussão pormenorizada do Orçamento de Estado para 2013, mas o Governo e o FMI estão prontos para avançar.

Assim, impõe-se de novo a pergunta: “o que quer o Governo?”. Desta vez a resposta é menos clara porque não só o Governo não apresenta um programa, como Passos e Portas já aprenderam que de cada vez que anunciam com clareza o que pretendem são brindados com manifestações populares de massas como aconteceu a 15 de setembro.


No entanto, já sabemos o essencial da proposta que Vítor Gaspar estará a congeminar: não mexendo numa vírgula dos contratos da dívida com os credores internacionais (que só em 2013 nos vão fazer pagar mais só em juros da dívida do que com todo o SNS), Passos e Portas querem mexer no Estado Social. Assim, se os deixarmos, podemos esperar o fim do Serviço Nacional de Saúde, da Escola Pública e da Segurança Social; tudo isto e um novo resgate financeiro com mais anos de troika em Portugal e, logo, de pobreza e desemprego.

O mais curioso é que será este Governo moribundo que já não goza de nenhuma autoridade em Portugal ou no estrangeiro que tentará, o mais rápido possível, fazer estas mudanças para que sejam um facto consumado.

Não podemos deixar. O nosso futuro, o nosso trabalho, o nosso salário, a nossa saúde, a educação dos nossos filhos e filhas, as nossas pensões dependem do esforço que fizermos agora. Por isso, os precários e os desempregados têm de tomar a responsabilidade de defender estes princípios e isso faz-se, primeiramente, ajudando nas mobilizações que já provaram ser o maior medo do Governo. No dia 12 de novembro a Merkel vem a Portugal e devemos dizer-lhe que ela e as suas políticas não são bem vindas e no dia 14 de novembro há uma greve geral internacional que podes ajudar a construir.

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